Carta Pastoral: Missio Universalis Episcopi

 

MONSENHOR ERICK RAZTINGER 
Por Mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica
BISPO AUXILIAR  DE SÃO JOÃO DEL REY


Amados irmãos no sacerdócio,


1. “Pai Santo, guarda-os em teu nome, o nome que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um” (Jo 17,11). Com essas palavras cheias de ternura e mistério, o Senhor Jesus elevou ao Pai a súplica pela unidade dos seus, no momento em que entregava sua vida. Nesta comunhão que nasce do coração trinitário, somos chamados também nós, ministros ordenados, a viver a nossa missão, unidos ao Bispo que o Senhor colocou como centro de unidade visível na Igreja particular.



2. A missão universal do bispo (missio universalis episcopi) consiste, por desígnio divino, em ser pai, pastor e mestre da fé no meio do seu povo. Esta missão, porém, não é isolada. Ela exige, por sua natureza, a colaboração fiel, generosa e fraterna do presbitério diocesano e dos diáconos, que participam de forma particular do múnus de Cristo Servo. São Paulo, ao escrever aos Filipenses, dizia com gratidão: "Dou graças ao meu Deus toda vez que me lembro de vós... por causa da vossa comunhão na difusão do Evangelho desde o primeiro dia até agora" (Fl 1,3.5). Assim também o bispo sente-se grato por cada sacerdote e diácono que, com ele, carrega o peso e a doçura do ministério pastoral.



3. A unidade do clero com o bispo não é mera questão administrativa ou funcional. É dom espiritual, é reflexo da unidade dos Apóstolos com Pedro e de todos com Cristo. "Onde está o bispo, ali está a Igreja", ensinava Santo Inácio de Antioquia (Carta aos Esmirnenses, 8,2). É na fidelidade ao bispo – sucessor dos apóstolos – que o sacerdote realiza sua própria vocação, não como um solitário, mas como membro de um único presbitério. Esta comunhão deve ser visível nas celebrações, nas decisões pastorais, nas atitudes públicas e no ardente zelo missionário.



4. No atual contexto, marcado por tantas divisões e individualismos, é urgente que o clero ofereça ao mundo o testemunho da fraternidade presbiteral, da obediência vivida em liberdade e da caridade pastoral que ultrapassa as diferenças humanas. “Rogo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que todos estejais de acordo no que falais e que não haja divisões entre vós, mas que estejais unidos no mesmo espírito e no mesmo parecer” (1Cor 1,10).



5. Por isso, queridos irmãos, renovemos o espírito de pertença ao presbitério diocesano. Reavivemos a oração pelo nosso bispo e uns pelos outros. Participemos com assiduidade e humildade das reuniões, retiros e formações. Não tenhamos receio de nos corrigir mutuamente com caridade nem de estender a mão ao irmão cansado. Juntos, formamos o Corpo Místico de Cristo, que vive, sofre e se alegra em comunhão.



6. A Virgem Maria, Mãe da Igreja e Rainha dos Apóstolos, nos ensine a viver esta obediência filial e fraterna. Que São João Maria Vianney, patrono dos padres, interceda por nós para que nunca percamos o fervor do primeiro chamado e a alegria de servir unidos em Cristo.


Queridos irmãos, sigamos firmes no caminho do serviço alegre, solidário e fecundo. Que nossa cidade continue sendo um jardim onde florescem os dons de cada um, cultivados com fé, regados pela oração e iluminados pela Palavra. Que Maria, serva do Senhor, interceda por nós, para que sejamos comunidades vivas, missionárias e repletas da alegria do Evangelho.


Com minha bênção e orações,

Em Cristo, nosso Pastor e Servo


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